
Você terminou um treino daqueles que te fazem andar igual robô no dia seguinte e agora está com a dúvida cruel: posso treinar com dor muscular ou melhor dar um tempo? Você já fez agachamento pesado, depois de um tempo parado, pois bem, você sabe do que estou falando, não é mesmo? A famosa dor muscular tardia pode ser assustadora, mas… será que ela é sinal de alerta ou parte natural do processo?
O que é a dor muscular pós-treino (DOMS)?
DOMS é a sigla em inglês para Delayed Onset Muscle Soreness, ou dor muscular de início tardio. Ela aparece geralmente entre 12h e 48h após o treino e é mais comum quando fazemos algo novo, intenso ou que exige mais controle excêntrico (tipo descer devagar no agachamento ou na recepção do kettlebell, durante o swing).
Essa dor não é lesão, nem punição divina. É uma resposta inflamatória natural do corpo ao estímulo do treino. Pense nela como um WhatsApp do seu corpo dizendo: “Recebi o recado, tô adaptando aqui.”
Mas se não é lesão… por que dói tanto?

Porque junto com a inflamação, vem um acúmulo de líquidos e aumento de pressão local nos tecidos musculares. Isso ativa sensores de dor chamados nociceptores. É tipo um alarme que o corpo liga, mas que nem sempre significa emergência.
É seguro treinar com dor muscular?
A resposta curta: depende da intensidade da dor.
- Leve a moderada: Pode treinar sim, mas ajuste a carga e a intensidade. Yoga suave, alongamentos ou um treino funcional mais leve são ótimas opções.
- Forte a limitante: Melhor descansar ou focar em outras regiões do corpo. Dor intensa pode prejudicar sua performance e até mesmo aumentar o risco de lesão.
Dica prática: se está difícil subir escada, talvez não seja o melhor dia para fazer um agachamento búlgaro ou fazer tiros de corrida, subindo uma ladeira. Mas um flow de yoga para mobilidade de quadril? Tá liberado e vai ser ótimo!
Como aliviar a dor muscular pós-treino?

Se você acordou no modo “engrenagem enferrujada”, tente isso:
- Movimento leve: Caminhada, alongamento dinâmico ou um flow de yoga podem ajudar.
- Calor local: Banho quente, bolsa térmica ou mesmo sauna podem ajudar aliviar o desconforto.
- Hidratação e alimentação: Ajuda a reduzir inflamação e acelera a recuperação.
- Massagem e automassagem: Use bolinhas, foam roller ou aquele rolinho que parece tortura medieval, mas ajuda.
Calor ou gelo: o que funciona melhor para dor muscular?
Essa é clássica: “Tá doendo… passo gelo ou boto bolsa quente?”
Ambos têm seus momentos de glória, mas no caso da dor muscular tardia (DOMS), o calor costuma levar vantagem.
🔥 Calor (compressa morna, banho quente ou sauna)
- Ajuda a relaxar a musculatura.
- Aumenta o fluxo sanguíneo, portanto, acelera a remoção de resíduos inflamatórios.
- Melhora a sensação de bem-estar geral.
Quando usar: Se a dor for muscular, generalizada, sem inchaço visível ou lesão recente. Aquele cenário de “tô travado, mas não machucado”.
🧊 Gelo (compressa fria)
- Reduz a inflamação aguda.
- Alivia dores localizadas e intensas.
- Pode ajudar em casos de lesões ou inchaço evidente.
Quando usar: Se houver sinal de lesão, trauma recente ou inflamação evidente. Por exemplo, torceu o joelho ou teve uma queda durante o treino.
Resumindo: dor muscular tardia = calor ajuda. Lesão ou pancada = gelo ajuda. Então, não confunda DOMS com lesão!
Dor muscular pós-treino é sinal de treino bem feito?
Não necessariamente. Sentir dor não é sinônimo de treino eficiente. Um bom treino gera estímulo — e a dor pode ou não aparecer. Com o tempo e adaptação, o corpo responde melhor, e a dor some. Isso não significa que parou de evoluir, só que está se tornando mais eficiente.
Inclusive, treinar sempre até doer pode ser um tiro no pé (literalmente, se você exagerar no leg press). A melhor estratégia é alternar estímulos e respeitar a recuperação.
E os anti-inflamatórios e analgésicos?

Muita gente recorre a remédios para aliviar a dor muscular — mas é preciso cautela. Tomar anti-inflamatórios ou analgésicos com frequência pode atrapalhar o processo de adaptação do corpo.
Estudos mostram que anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno, por exemplo, podem reduzir o sinal inflamatório necessário para a regeneração muscular e até inibir o crescimento muscular em alguns casos.
O uso eventual pode ser útil em situações de dor intensa, mas deve ser sempre uma exceção e sempre com orientação médica — e nunca substituto para estratégias naturais de recuperação.
Quando a dor muscular pode ser sinal de problema?
Fique atento se a dor:
- Dura mais de 4-5 dias
- É localizada e muito intensa
- Vem acompanhada de inchaço exagerado ou urina escura (sinal de rabdomiólise – aqui é emergência médica)
Treino funcional, yoga e a dor muscular
Acredito que dor não precisa ser parte do ritual. Você pode fortalecer, melhorar a mobilidade e até sair do treino todo suado, todo acabado, mas sem ficar mancando no dia seguinte.
Meu método de treino combina estímulo técnico, progressão gradual e treinos que respeitam seu ritmo. A ideia é sair da aula se sentindo mais inteiro e energizado, não despedaçado.
No meu canal do YouTube, o Rafa Leite Corpo Mente, você encontra muitos conteúdos que podem te ajudar a alcançar mais resultados em seus treinos, sem dores demasiadas (só o necessário).
Conclusão
Sentir dor muscular após o treino é comum, mas não obrigatório. Ela sinaliza que algo novo foi feito, mas não precisa ser usada como termômetro de eficácia. Aprender a escutar o corpo, adaptar os treinos e respeitar os limites é, portanto, o que garante evolução real (e sustentável).
Quer treinar com dor? Pode sim, mas com inteligência. Treinar todo dia sentindo que foi atropelado não é coragem — é teimosia com fantasia de disciplina.
Compartilhe com alguém que só descansa quando o músculo grita por socorro. E se quiser dar o próximo passo, conheça a Plataforma Corpo Mente: treinos e práticas acessíveis, com humor, técnica e ciência do seu lado.
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